É escritora e docente. Pós-graduada em Letras (Inglês-Português e respectivas Literaturas), pela University of Cambridge, Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Pesquisadora e palestrante em Literatura Comparada e Gêneros Textuais. Docente aposentada de instituição federal, nos níveis de Ensino Médio e Universitário por 30 anos. Autora de onze livros literários já publicados, entre romances, contos, poemas, crônicas e ensaios literários. Autora de diversos artigos acadêmicos e de apostilas de material didático para o Ensino Médio e Universitário. Escritora com premiações de instituição públicas e oficiais — Feira do Livro de Genebra, Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro, Prefeitura de Petrópolis, AFEIGRAF, União Brasileira de Escritores (São Paulo, Paraíba e Rio de Janeiro), entre outras. Diretora e criadora do projeto educativo Poesias ao Acaso, que oferece exposições e oficinas de criação artística e literária em escolas por 12 anos.
Um romance psicológico e social, cruel e humano, atual e atemporal, sobre embates no relacionamentos entre mães e filhas: Layla e Sarai, Hortência e Mea, respectivamente, cujas vidas mergulham em agruras entre práticas de terror físico, psicológico e moral que rondam a mulher, a maternidade e a humanidade, nos morros, nas cidades e nas terras devastadas, entre dois extremos do mundo: Brasil e Oriente. Layla e Sarai vivem sob as égides de territórios de fundamentalismos; Hortência e Mea, impregnadas de hipocrisia, repressões e sexualidades em rebeldia. Ao redor delas, em psicodrama individual e social, estão em jogo segredos, subjugo, solidão, traições, ciúmes, erotismos, vingança, mágoas, desesperos, fugas, mutilações e guerras. Entre essas quatro mulheres, uma narradora inquieta mimetiza detalhes de verdades e desnuda sentimentos lentamente acorrentados e libertos da alma feminina. Uma travessia dolorosa, porém sensível aos sacrifícios que somente a maternidade não teme, em busca do significado da palavra mãe. De modo distinto e, ao mesmo tempo, semelhante, destinos se encontrarão em exílio do mundo nas águas internacionais de ninguém, numa luta de vida e morte, entre o amor e a violência ao ápice da maternidade.
Entrevista
Olá Carmem Teresa. É um prazer contar, novamente, com a sua participação na Revista do Livro da Scortecci
Do que trata o seu Livro?
Trata-se de um romance psicológico e social, cruel e humano, que aborda conflitos pessoais e lutas sociais muito desafiadoras por que mulheres (e a humanidade como um todo) passam em regiões diferentes do mundo, porém acometidas de semelhantes sofrimentos, renúncias e urgência de soluções. Na narrativa das trajetórias de duas duplas de mães e filhas expõem-se torturas, traições, preconceitos, castrações, exílios, guerras e até Terrorismos a que mulheres- e as sociedades- são submetidas. A obra baseia-se em fatos reais observados, vistos, ouvidos pela autora; sendo a personagem mais importante a narradora, autodenominada inverosímil, a quem cabe desvendar absurdos geralmente escondidos ou ignorados no mundo por medo ou omissão, como estupro e mutilação genital, práticas ainda tidas como comuns em algumas comunidades.
O romance carrega temáticas densas porém necessárias para uma reflexão acerca da carência de dignidade humana.
Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?
Em 1996 eu estive numa região do mundo dominada por pensamentos radicais extremos e pelo surgimento de células terroristas, onde mulheres eram obrigadas a não poderem ser vistas. Impressionada desde então, passei a pesquisar, metaforizar e ficcionar a vida naquelas condições, ao mesmo tempo em que também observava a nossa própria sociedade brasileira, em busca de semelhanças ou diferenças. Acompanhando noticiários mais percebia processos de desconstrução humana sendo implantados pelo mundo, até a hora em que diante de tantos absurdos não contive mais o nascimento deste livro.
A obra se destina a um público adulto, corajoso, perspicaz, humano, sensível e envolvido com valores voltados à reconstrução da dignidade da vida.
Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Este romance é o décimo primeiro livro. Uma obra muito séria e amadurecida. Inovadora na estrutura, na construção da narradora, na ousadia dos temas enfrentados. Busco uma escrita de caráter universal e atemporal, destinada à humanidade.
Dentro de minha trajetória, composta de poesias, contos, crônicas, considero este o meu trabalho mais arrojado. Meu compromisso com a Literatura é de muita responsabilidade. Sou docente de Literatura há 40 anos. Não escrevo por entretenimento, mas sim pela função primordial da literatura: o desenvolvimento de uma leitura crítica do mundo e da humanidade.
Em breve sairá mais uma obra minha, desta vez de análise literária combinada com várias outras áreas das Ciências Humanas.
O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Ouve-se com frequência situações de decadência na educação e na cultural na esfera mundial. O apagamento da cultura humanística cria um abismo na sociedade. Onde falta leitora e estudo em literatura, filosofia, sociologia, psicologia etc., falta também base sólida para o crescimento e amadurecimento social. Vivemos períodos que exigem maior questionamento sobre a ausência de valores éticos. Não posso mudar o mundo, mas posso deixar minha mensagem registrada em livro onde digo: “este caminho não está bom”. Faço a minha parte com muito afinco na esperança que alguma consciência possa ser desperta pela leitura.
Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
A Scortecci é minha editora há alguns anos já. Este é meu terceiro livro solo pela Scortecci, além de outras antologias do grupo das quais participei. Cobro compromisso e seriedade e encontrei ambos na edição de meus livros neste selo.
O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
Este meu romance, como afirmo, é uma obra inquietante, altamente informativa e reflexiva. Não é uma leitura fácil, porém é comprometida com uma análise lúcida, real, dolorosa e ao mesmo tempo literária, terna e humana. Trago uma oportunidade de amadurecimento ao leitor aviso por verdades. O final é a grande surpresa.
Obrigada pela sua participação.
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