25 dezembro, 2023

Ruth Rendeiro - Autora de: BEIJA-TU E ARRTHURRZINHO NO VER-O-PESO

É jornalista e Beija-tu... seu terceiro livro. Paraense de Belém do Pará, há 15 anos deixou sua cidade e dedicou-se a escrever sobre tudo e todos e de todas as formas. Aos 66 anos escolheu a capital paulista para viver, mas sempre com os pés firmes nas águas barrentas dos igarapés, na chuva das duas da tarde e no tacacá fumegante.





A história do pequeno Arrthurrzinho, raptado por uma velha máquina voadora e levado a Belém do Pará, tem como cenário o Ver-o-Peso, a maior feira aberta da América Latina. Entre barcos e canoas e às margens da baia do Guajará, o paulistinha do interior vai descobrindo a regionalidade amazônica a partir do que está à venda nas barracas como açaí in natura, cupuaçu, ouriços de castanha-do-brasil, caranguejo, tucupi... A solidão e o desejo de voltar para São Paulo são amenizados pela presença e proteção do Beija-Tu, o urubu encantado, colorido e que deixou a floresta com a missão de cuidar da criança. Despertar, de forma lúdica, na criança a curiosidade sobre a Amazônia e tê-lo como aliado na preservação da região tão cobiçada mundialmente, é o principal mote da história. Beija-tu volta à floresta e Arrthurrzinho, cansado e triste, adormece na canoa que a maré leva para novos mundos, novas descobertas, novos sonhos.

Entrevista

Olá Ruth. É um prazer contar com a sua participação na Revista do Livro da Scortecci

Do que trata o seu Livro?
O livro conta a história de um menino nascido no interior de São Paulo que, ao ser levado por uma máquina voadora (espécie de superdrone), pousou em Belém do Pará, mais precisamente na feira do Ver-o-Peso, a maior feira aberta da América Latina. Desnorteado, com medo e cheio de curiosidade percorreu cenários curiosos e conheceu um pouquinho da Amazônia.
Não tinha noção, mas corria perigo naquele mundo inusitado até surgir, o Beija-tu, o urubu encantado, de penas coloridas que veio da floresta com a missão de proteger Arrthurrzinho.
O paulistinha pôde, então com mais segurança, ir de barraca em barraca e ver de perto alguns produtos típicos da região amazônica como o açaí in natura, cupuaçu, tucupi, pupunha... e muitos barcos ancorados às margens da baía do Guajará.
Cansado e saudoso, ele só queria voltar para perto de seus pais. Um imenso desafio. Arrthurrzinho sem ter onde ficar, foi descansar em uma canoa vazia e adormeceu. Nem percebeu, mas Belém foi ficando para trás e, ao sabor da maré, a canoa desceu o rio, enquanto o Beija-tu se despedia lá do céu, em silêncio, do seu protegido e partia de volta para a floresta.

Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?
A ideia surgiu a partir do desejo de “apresentar” às crianças, sobretudo às que moram em Leme (SP), onde vivi por sete anos, a Amazônia de maneira lúdica, acreditando que dessa forma eles se tornarão brasileiros com uma visão mais ampla do País onde nasceram.
Para torná-lo mais atraente e valorizar o talento da pequena Helô Coroa, então com 10 anos, a convidei para ilustrar o livro. O resultado foi fantástico. A paraense que mora em Santa Catarina é de fato uma grande artista.
O público preferencial é o infanto-juvenil, ou seja, crianças na faixa etária de 5 a 13 anos..

Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Sou jornalista há mais de 30 anos e sempre escrevi histórias, mas a partir de pautas, atendendo demandas dos veículos e seus dirigentes. A literatura, contudo, vivia latente em mim e quando me aposentei precocemente aos 52 anos, passei a escrever com liberdade, emoção, doação total, sem amarras.
Escrever para mim vai além do deleite. É terapia!
Um novo livro já está sendo rascunhado.

O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Acredito na leitura, no leitor e aguçar esse prazer é um dos meus objetivos ao abraçar o desafio de escrever para um público complexo, exigente, mas cativante. É preciso ir aonde eles estão. O que tenho procurado fazer. O glamour dos lançamentos não me atrai. Contar a história do Beija-tu e do Arrthurrzinho para os que em silencio degustam cada palavram, é o que mais me motiva hoje.

Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
Em 2013 publiquei o meu primeiro livro - Até que a morte nos separe, (Beija-tu ...é o terceiro) pela Scortecci e o trabalho da editora atendeu todas as minhas expectativas, por isso optei por ela novamente..

O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
A história desperta a curiosidade sobre o que acontecerá com o Arrthurrzinho depois de ser levado pela máquina voadora. Para os que não conhecem a feira do Ver-o-peso é uma oportunidade para senti-la em sua pujança e para os que a conhecem momentos de sentir (ou matar?) saudade.
O destino de Arrthurrzinho é uma incógnita e o Beija-tu é apaixonante..

Obrigado pela sua participação

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