Aurea Regaço
É paulistana. Escritora, compositora, professora, palestrante e assessora de investimentos. Mestre em Administração, com formação em Letras, Administração e Ciências Contábeis. Atua no mercado financeiro há mais de três décadas.
É um livro de poesias afinado com o seu tempo, que revela de forma crítica, ora por meio de procedimentos formais da linguagem, como os do concretismo, ora pela moldura da poética, como a métrica e o verso livre, as angústias e sensações de um ser em busca de saídas para sua rotina, seus desafios, suas realizações. O ambiente majoritariamente apresenta uma sociedade em que trabalho e exploração comercial do tempo são colocados em primeiro plano, em detrimento das relações pessoais, dando lugar à solidão, ao vazio e à necessidade de se buscar saídas e alternativas, seja pelo amor, pela música, pelo encantamento. Reflete o projeto de vida de cada um, no qual a busca pode se transformar em emboscada, como num labirinto onde os caminhos se confundem, sentimentos estão à flor da pele, sons e sentidos se misturam ao ritmo das batidas do coração e cada dia pode ser o último, ou o primeiro.
Entrevista
Olá Aurea. É um prazer contar com a sua participação na Revista do Livro da Scortecci
Do que trata o seu Livro?Trata-se de um livro de poesias que traduzem os anseios de um ser humano em sua busca pessoal e toda sorte de questionamentos que ocorrem no mundo moderno, em meio a tantos desafios emocionais, profissionais, dentre outros.Na frente, lê-se “Busca”, no verso do livro, “Bosca”, indicando que toda busca pode se transformar em uma armadilha, em uma cilada. A capa apresenta-se como um labirinto, onde ocorre a busca.Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?Escrever um livro é o caminho natural dos escritores, embora isso só fique claro depois que a gente resolve lançar o primeiro livro. Eu escrevo desde os 12 anos. Criar textos sempre foi uma diversão e uma necessidade. Gosto de brincar com o sentido e os sons das palavras.A ideia de escrever e publicar um livro surgiu de um projeto musical. A primeira ideia seria lançar algumas músicas, mas os textos foram se avolumando e tomaram um corpo. Então, por que não um livro? As obras precisam nascer para dar lugar às outras. Comecei a trabalhar nos textos e percebi que havia uma uniformidade em sua intenção. Assim surgiu “Busca”.Poesia é para quem gosta de degustar, para quem não se contenta em ler um texto somente uma vez, porque a cada vez você percebe algo de novo e inusitado. É um livro para se conversar com ele durante um tempo. As palavras criam asas, tomam formas, demandam um momento de contemplação.Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?Tenho outros projetos em andamento. Duas coletâneas de livros infantis, alguns textos já estão prontos. Uma delas em parceria com outros escritores, trata sobre lendas brasileiras. Outra, sobre educação financeira para crianças. Tenho uma peça teatral em andamento que envolve questões ambientais. Um conto que trata sobre as relações sociais na sociedade moderna nas grandes cidades. Também fui convidada para escrever para um projeto chamado “Quais de mim você procura?”, sobre mulheres mentoras. Muito a se fazer, muito a escrever, muito por terminar. Também tenho algumas músicas por gravar..O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?Escrever é um privilégio. Lançar um livro é como ganhar na loteria. Se pensarmos na antiguidade, quantos sabiam ler? E escrever? Hoje temos o analfabetismo funcional, uma parcela da população não sabe ler, outra não entende o que se lê. Eu atuo também na área financeira, sou contadora de formação e tenho vasta experiência no mercado financeiro, dou aulas na universidade nessa área e, infelizmente, as pessoas não dominam a leitura, nem a escrita, nem os números. O escritor é um artesão das letras. “Eu canto porque o momento existe”, como diria Cecília Meireles. Escrever é como andar, respirar, fazer um bolo, um biscoito fino. O escritor produz sua obra e a põe à mesa para aqueles que quiserem experimentar. Sempre haverá interessados e apaixonados pela arte.Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?Foi uma indicação da minha amiga e revisora do meu livro, a escritora e jornalista Mônica Rodrigues da Costa. Depois, pesquisando eu vi que um outro escritor muito querido também publica com a Scortecci, Celso Viáfora.Gostei muito do trabalho da Scortecci, minha filha Clara Regaço criou a capa do livro. O pessoal da editora me atendeu muito bem.Aconselho as pessoas que têm vontade de lançar um livro a procurarem vocês.O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?Claro. Ele tem essa coisa mágica da poesia. O duplo ou triplo sentido das palavras, as figuras de linguagem, a rítmica, quase uma melodia que fica soando na cabeça. Tem as dores e os amores. As paixões, as desilusões e as revoltas. Trata sobre a modernidade e a nossa falta de tempo, a busca pelo prazer, pela liberdade, pelo eu de cada um.Acredito que muitos irão se identificar com vários poemas, vão parar para refletir sobre sua vida pessoal, seus valores, enfim, sua busca.Como o livro propõe, precisamos cuidar para que a “busca” não se transforme em “bosca”, que é uma armadilha, algo sem saída.
Obrigado pela sua participação
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