Além da formação básica em filosofia, feito no Studium Teológico dos Irmãozinhos de Jesus, em Annemasse (França), possui mestrado em Linguística Geral, pela USP, em São Paulo, e doutorado em Ciências Sociais, pela PUC-SP. Teve larga experiência no trabalho junto aos povos indígenas, a partir de seu vínculo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), na sede em Brasília, tendo sido secretário adjunto de 1983 a 1987. Participou, por 34 anos, dos Cursos de Formação Básica do Cimi, assumindo de 1992 a 2018 a unidade História da Resistência Indígena no Brasil. Atua junto aos indígenas da cidade de São Paulo desde 1998, tendo sido um dos fundadores do Programa Pindorama, para jovens indígenas, na PUC-SP. É autor do livro Caminhando na luta e na esperança. Retrospectiva dos últimos 60 anos da Pastoral Indigenista e dos 30 anos do Cimi (Loyola, 2003) e de vários paradidáticos sobre a questão indígena, destacando-se Terra à vista, descobrimento ou invasão (Moderna, 1991, 3ª. ed., 7ª reimpr.) e História da Resistência Indígena, 500 anos de luta (Expressão Popular, 2017, 2ª. ed., 4ª reimpr.). Participa da Fraternidade Leiga desde 1970, tendo sido seu secretário geral de 1976 a 1982. É autor de muitos artigos sobre Charles de Foucauld e a Fraternidade, sendo a maior parte deles publicada no Boletim da Fraternidade Leiga do qual é o atual editor.
Um livro inédito sobre Charles de Foucauld, recentemente canonizado, e que tem uma mensagem para o leigo de hoje e escrita por muitas mãos. Não se trata de nova biografia, nem de um tratado de espiritualidade sobre esse missionário francês que viveu entre os tuaregues, no deserto do Saara, no início do século passado. Procuramos entregar um testamento espiritual, que resgata sua trajetória e, sobretudo, sua mensagem vivida por leigas e leigos, de várias regiões do Brasil e de várias épocas, convencidas e convencidos de que o Deus da encarnação é extraordinariamente ordinário, humano, comum e simples. Nessa coletânea foi incluída também a experiência da Fraternidade Missionária, grupo surgido no Brasil, e que ajuda a completar essa sequência de testemunhos. Por assim dizer é um livro inacabado, pois nele poderão caber outras histórias e, talvez, a sua, leitor amigo, caso se identifique com esse pioneiro.
Entrevista
Olá Benedito. É um prazer contar com a sua participação na Revista do Livro da Scortecci
Do que trata o seu Livro?Meu livro é uma coletânea de textos sobre um missionário que marcou a Igreja no século passado, Charles de Foucauld, e de depoimentos de cristãos que pertencem à Fraternidade Leiga, grupo que nele se inspira.Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?Muitos textos já haviam sido publicados em nosso boletim, mas percebi que precisávamos ampliar o público, justamente pelo fato de terem uma mensagem para o mundo de hoje, independente de credo religioso.Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?Já publiquei vários livros paradidáticos com a temática indígena, embora para o público cristão essa é a segunda experiência. Publicar um livro é sempre gratificante, já que é uma maneira de partilhar com outros a riqueza que descobrimos em nossas pesquisas e reflexões. Embora seja uma coletânea de textos de vários autores, o prazer é idêntico. A seleção dos mesmos é, na realidade, um trabalho de garimpagem que nos dá grande alegria, pois vemos que muitos deles são verdadeiras joias, que não poderiam ficar esquecidas.O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?Ser escritor num país em que as pessoas pouco leem é um desafio. Mas sempre me lembro da frase de Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros”.A leitura de bons livros ajuda a formar os cidadãos, pois leva à reflexão e à construção de um arcabouço mental. Atualmente se fala do “analfabeto funcional”, isto é, da pessoa que lê um texto, mas que não consegue entendê-lo, por falta de capacidade reflexiva. Com o aumento dos meios digitais há o perigo de se ficar cada vez mais passivo e pouco reflexivo. Mas esse desafio temos que enfrentar, investindo na publicação de bons livros e na criação de grupos de discussão.Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?Foi através a publicação de um livro de poemas de uma amiga. Achei a editora com muito boa qualidade gráfica, oferecendo também um esquema bem acessível à publicação.O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?Embora meu livro seja destinado a cristãos, acredito que sua mensagem é mais ampla, destinando a todos que desejam conhecer experiências de fraternidade e solidariedade no mundo atual. Hoje não precisamos de palavras bonitas, mas de exemplos e de vivências concretas, independente de credos religiosos. Nesse livro há depoimentos muito diversos, de pessoas que tiveram um passado difícil, como um jovem que chegou a ser preso no Presídio do Carandiru, ou de pessoas ligadas à espiritualidade afro, além de militantes que têm trabalhos com moradores em situação de rua e com encarcerados. Nossa proposta foi oferecer diversos exemplos de vida, traduzindo o “apostolado da bondade” tão desejado pelo nosso irmão Charles de Foucauld e, sobretudo, por Jesus de Nazaré.
Obrigado pela sua participação.
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