Nome literário de Marisa Rodrigues Mendes Biasoli.
É cearense de Fortaleza, onde nasceu em 1956, numa casa antiga no centro da cidade, quando ainda havia casas, árvores, vizinhos e quintais. A infância foi vivida na casa no centro da cidade, em Messejana, atualmente um bairro de Fortaleza e na cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, onde maravam seus avós paternos. São desse tempo seus primeiros escritos em forma de jornais que ela reproduzia em folhas de caderno e em que contava coisas do quotidiano. Costumava subir nas velhas mangueiras do sitio em Messejana e de lá, vendo a paisagem entardecer, lia e escrevia.
Participou do Grupo Comboio Vida e Arte e publicou poemas e contos nos Jornais, O Povo e Diário do Nordeste de Fortaleza.
Publicou dois livros de Poemas: Em Silencio (1981),em parceria com a escritora Cidinha Fonseca e Noite Adentro (1983).
Está de volta em 2023 com Olho D'Água.
É o terceiro livro de poemas da autora, Marisa Biasoli. Como ela mesma diz, são poemas da maturidade, sem perder o jeito, o cheiro e o gosto da infância.
A poesia de Marisa Biasoli é feita de recordações, de vida em estado de fruição, de molduras com retratos, paisagens e instantes que são de qualquer tempo inesquecível. No correr das lembranças, o agora duradouro de seus versos vivifica revelações reais, fantasiosas e imaginativas como toda atividade embalada por ressoante memória afetiva. São reminiscências que atravessam a cozinha da avó, seus ensinamentos, e abraçam a infância jogando dente de leite no telhado de casa. Na vida urbana, meninas e meninos são literalmente vistos nos poemas de Marisa Biasoli como bandos de saguis a correr por fios nas ruas da cidade com pedaços de frutas nas mãos. Há sempre uma ideia de liberdade nas palavras que dão significado a essa rica coleção de imagens que não se perderam no tempo. Tudo embalado pela fragrância de lavanda e outras almas florais. A poeta olha para dentro de si, onde habita a mocinha que sempre acreditou no encanto do nome do amor revelado na faca enfiada em tronco de bananeira nas noites de São João e outras verdades imperfeitas. A recorrência à infância transita ao lado das esperas da mulher madura e suas multiplicidades, segurando a mão dos seres divinos e dos ancestrais amados.
Flávio Paiva - jornalista e escritor
Entrevista
Olá Marisa. É um prazer contar com a sua participação na Revista do Livro da Scortecci
Do que trata o seu Livro?“Olho D'Água“ é um livro de poemas, que trata de memórias da infância e reflexões da maturidade.Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?Depois de 40 anos do lançamento do meu último livro solo de poemas, achei que estava na hora de voltar a mostrar meu trabalho. Na verdade, nesse intervalo de tempo, não deixei de escrever e essa atividade foi intensificada no período da pandemia. “Olho D'Água” se destina à todas as pessoas que gostem de poesia, sem distinção.Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?Comecei a escrever muito cedo, praticamente quando me alfabetizei. Escrevia contos e um pequeno jornal que reproduzia em papel carbono, com as notícias cotidianas, distribuído entre as pessoas da família. Participei de grupo literário e publiquei poemas e contos nos jornais O Povo e Diário do Nordeste. Em 1981, lancei em parceria com a amiga e escritora, Cidinha Fonseca, o livro de poemas “Em Silencio” e em 1983, foi a vez do primeiro livro solo “Noite Adentro”. Depois de 40 longos anos, volto agora em 2023, com o livro “Olho D'Água”. Escrever para mim é exercício diário e espero estar publicando muito em breve novamente.O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?Acho que poucos escritores conseguem viver exclusivamente de literatura no Brasil, são muito raros mesmo os que conseguem. Considero oportunas e louváveis as iniciativas de levar a leitura e o contato com os livros, a públicos que comumente não têm acesso à livrarias ou bibliotecas.Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?Conheci a Scortecci Editora em 1983, quando tinha acabado de escrever, meu livro de poemas ”Noite Adentro”. Estive na editora nessa ocasião e prometi a João Scortecci, a quem conheço desde a infância, que meu próximo livro seria feito pela Scortecci. Assim, aqui estou cumprindo a promessa que fiz há 40 anos.O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?Sou suspeita para falar de “Olho D’Agua”, mas fico muito feliz em tê-lo escrito e ver que é um livro leve e gostoso de ler, mesmo para aqueles não tão familiarizados com a poesia. Fico muito feliz, quando alguém vem me dizer que algum poema parece que foi escrito para ele ou ela.
Obrigado pela sua participação.
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