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09 janeiro, 2023

Entrevista com Vanessa Rosa - autora de: INSINUAÇÕES

Nome literário de Vanessa da Silva Pereira Rosa.
Com a mente e o coração abraçados pela arte e pela educação, a paulistana Vanessa Rosa formou-se em Ciências Sociais, em 2009, pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), especializou-se em Psicologia Junguiana, em 2014, pela FACIS (Faculdade de Ciências da Saúde) e formou-se em Psicologia pela Universidade Paulista (UNIP) no ano de 2020. Foi docente do Programa de Ensino Integral, de 2015 a 2018 e é efetiva na disciplina de Sociologia na Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, além de dedicar-se às suas atividades como poetisa. Em 2016 lançou o livro de poesias, contos e prosa poética intitulado “Nuances”. O livro contou com três bem sucedidos lançamentos: um na célebre Casa da Rosas da Avenida Paulista, em São Paulo, capital. Sua divulgação também foi feliz ao alcançar o extremo sul da cidade. No mesmo ano de 2016, a autora recebeu o Prêmio do 12º Concurso Literário Mario Quintana em Porto Alegre.

Numa caminhada poética ora firme, ora leve, Insinuações é composto de sessenta poemas e quatro contos inspirados em momentos reais, de desejos e de sonhos, trazendo à tona sentimentos genuínos, em que fica explícito que a autora deseja dividir aquilo que se passa em seu âmago e na superfície da pele. Porém, num determinado momento, diz sem medo algum que “o poeta é um fingidor”, como escreveu Fernando Pessoa. Esta obra permite ao leitor não ficar indiferente, ele encontrar-se-á nela ou minimamente tentará compreender o que se “esconde” dentro dos poemas, seja durante uma “conversa com a lua” ou no “anúncio a ser pago em suaves prestações de poesias”, seja em densas palavras sobre a morte. Em Insinuações, Vanessa Rosa apresenta escritos realizados no período de 2008 a 2021 e que, por sua atemporalidade, podem muito bem fazer parte da história de cada um, hoje e sempre. 
Valdyce Ribeiro - Poetisa

ENTREVISTA

Olá Vanessa. É um prazer contar com a sua participação na Revista do Livro da Scortecci

Do que trata o seu Livro?
Meu livro atende pelo título de “Insinuações”. O título é uma brincadeira com o nome do meu primeiro livro e anterior, “Nuances”. “Insinuações” envolve poesia, contos e inspirações de haicais tentando unir isso ao potencial comunicativo de ilustrações que buscam ser bem originais em parceria com uma de minhas melhores amigas, Fabiana Ribeiro.

Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?
Insinuações se dirige ao público adulto. Considero como a primeira coisa que escrevi um poema em meu primeiro livro datado em 09/07/2004, com os seguintes dizeres “Desde ontem não penso mais, / Escrevo poesia sem pegar no papel”. Sempre escrevi sem nenhuma preocupação em publicar, até que um encontro com dois incentivadores Thales Alves e Valdyce Ribeiro que, por sinal, faz a sinopse do livro “Insinuações” me levaram a preparar a primeira publicação e “Insinuações” que é a extensão dela pela qual minha alma se derramou entre brincadeiras, exageros e sofrimentos reais, delírios deliciosos e “punhetagens” intelectuais.

Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Meu nome é Vanessa Rosa, meu caminho pela arte começou por um grupo de teatro chamado “A Fúria”, na Casa de Cultura de Santo Amaro. Neste grupo recebi uma sólida formação literária, à qual, infelizmente, não é comum que uma pessoa da periferia da zona sul de São Paulo, Capão Redondo e Jd. Ângela, obtenha, mesmo se tratando de uma aluna politizada de escola pública como sempre fui. Li Rimbaud, Baudelaire, Bukowski, me encantei com Cecília Meireles, apaixonei-me pela Bossa Nova, em especial pela obra de Vinicius de Moraes, Truffaut... Minha alma se identifica de uma forma pouco casual com a obra de Fernando Pessoa, mas até hoje preciso colar para escrever Ernest Hemingway, encenei Artaud, acostumei-me a visitar inúmeras exposições sem procurar sentidos lógicos deixando apenas que aquelas cores, que aquelas formas atinjam meu (in)consciente. Bom, acredito que dê para perceber que amo o mundo das ruminações intelectuais, de modo que, para o futuro, meu sonho é tornar-me uma intelectual respeitada, porém não respeitada por ter feito algo de um valor vago, desejo servir a sociedade, tal como sonham a maior parte daqueles que têm a primeira formação profissional que eu, ou seja, os Professores Sociólogos de Ensino Médio e, por que não, os da segunda formação, os Psicólogos. Quero através da carreira acadêmica, mestrado, doutorado e o que mais a vida reservar, escrever coisas significativas e acessíveis que possa ajudar as pessoas a serem mais felizes, também como me orienta a doutrina do Budismo do Sol que sigo.

O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Nós, enquanto sociedade civil, devemos exigir de nossos governantes acesso à leitura, porém, é necessário “deselitizar” tal conceito, pois assim como afirmava Paulo Freire, “a leitura de mundo, antecede a leitura da palavra” e se conseguirmos fazer isso, acredito que seja possível também garantir o acesso a publicação para escritores novatos e de mundos diversos. O mercado editorial do Brasil é extremamente restrito e não há políticas sérias para o pequeno escritor ter um respiro. No meu último ano da minha primeira faculdade, 2008, apresentei o Trabalho de Conclusão de Curso intitulado “Leitura em Ciências Sociais: Desvendando suas Nuances na PUC-Campinas” (de onde eu era aluna), no qual constatei que a família do estudante trabalhador - como era o perfil da maioria dos estudantes de lá, que era um curso noturno - não tinha o hábito da leitura de impressos e mesmo dentro da escola - de maioria pública - era difícil achar quem os tivesse referenciado, de modo que quando no primeiro ano tomavam contato com a enxurrada de exigência de leituras, a rotina se modificava radicalmente (e não sem sofrimento), alguns alunos chegavam a dizer que precisavam usar a “pressão” à seu favor. De modo geral, após essa pesquisa tornei-me defensora de uma pedagogia de leitura para o ensino superior que faça mais do que culpabilizar os níveis anteriores e que consiga devolver à leitura em nível profissionalizante o senso de aventura, já que a leitura (de mundo e de impressos) é a principal ferramenta de trabalho de boa parte.

Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
Através da minha incentivadora Valdyce Ribeiro, muito embora, meu primeiro livro,”Nuances”, tenha sido feito por outra editora.

O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
Até hoje escrevi para me livrar de uma neurose. No conto “Sobre a Felicidade de um Escritor Silencioso” desse segundo livro, abordo essa temática, dizendo, um pequeno ‘spoiler’: “Escrevo para mostrar ao mundo a dor que sinto ao ser eu”. minha terapia me ajudou a superar essa neurose... talvez eu não escreva mais nada poético, acadêmico, certamente sim, mas já me sinto satisfeita, acredito que através das minhas palavras ajudei algumas pessoas a se aproximarem da saída da areia movediça na qual eu me encontrava. Fiz a minha catarse. Me sinto em paz.

Obrigado pela sua participação.


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