É jornalista e autor de "A Bolívia de Evo Morales" (2008), "A Imprensa versus Lula" (2010) e "O Brasil na era dos imbecis - o discurso de ódio da direita" (2011). Foi cinegrafista da Rede Globo de Televisão, repórter em jornais e rádios do Vale do Paraíba, da Tribuna da Bahia e correspondente das rádios CBN e Jovem Pan. Há treze anos, divide seu tempo entre Taubaté-SP e Delft, na Holanda.
Audálio Dantas, falecido em 2018, ficou nacionalmente conhecido como repórter, escritor e líder sindical dos jornalistas. Mas há uma outra faceta da sua carreira, que este livro resgata em detalhes: ele foi deputado federal em oposição a ditadura, considerado um dos dez mais influentes da Câmara entre 1978 e 1983 e o melhor parlamentar da bancada paulista. Em 81, foi premiado na ONU por sua defesa dos Direitos Humanos, ao lado do ex-presidente Jimmy Carter e da atriz sueca Liv Ülmann.
Olá Antonio. É um
prazer contar com a sua participação no Blog Divulgando Livros e Autores da
Scortecci do Portal do Escritor.
Do
que trata o seu Livro? Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que
se destina sua obra?
Audálio
Dantas ficou muito conhecido no Brasil como líder sindical dos Jornalistas,
quando do assassinato de Vladimir Herzog, em 1975; como escritor, editou o
"Quarto de Despejo", diários da favelada Carolina de Jesus, um
best-seller nos anos 60, traduzido em 13 idiomas, e lançou vários livros
próprios, alguns premiados. O que muitos se esquecem é que Audálio teve também
uma passagem brilhante pela Câmara dos Deputados, cumprindo um mandato entre
1979 e 1983, no ocaso da outra ditadura. Foi considerado um dos dez deputados
mais influentes do país e o melhor da bancada paulista. Como fui seu secretário
de Gabinete Parlamentar e, depois, seu amigo até sua morte em 2018, procurei
registrar aquele período tão rico da História brasileira e o papel desempenhado
por um deputado de oposição na transição que começava, para a Democracia.
Fale de você e de seus projetos no
mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de
plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Publiquei
antes quatro livros, o primeiro bem amadoristicamente: "Cartas da
Holanda", destinado a amigos e contando aspectos da vida neste país, onde
vivo a metade do ano, há treze anos, devido a minha companheira ser holandesa.
Teve mais repercussão "A Bolívia de Evo Morales", que na época era
uma grande reportagem, mais depois tornou-se um livro de História, boa
biografia do líder cocaleiro e presidente daquele belo país. Em seguida veio
"A Imprensa x Lula", sobre o tratamento parcial e tendencioso que a
mídia tradicional brasileira sempre deu aos governos do ex-metalúrgico.
Finalmente, publiquei "O Brasil na era dos imbecis - o discurso de ódio da
direita", no qual desmontei algumas das mentiras do sr. Olavo de Carvalho,
um extremista de direita, e previ que ele influenciaria no poder quando o
fascismo tivesse algum ascenso no Brasil. Infelizmente, o livro teve pouca
repercussão, e pior ainda: eu estava absolutamente correto.
O que você acha da vida de escritor em
um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Sou
jornalista desde os 14 anos de idade (comecei na Rádio Difusora de Taubaté) e
publico livros quando tenho um material que não caberia em jornal, revista ou
blog. Mesmo com pequenas tiragens, tive bom retorno dos meus livros, pelas
opiniões positivas que recebi de pessoas que respeito no meio intelectual e
jornalístico.
Este novo livro "Audálio, deputado", vai interessar a todos que praticam ou apreciam o Jornalismo e, ao mesmo tempo, aos que procuram saber mais sobre a outra ditadura, aquela de 1964-85. Vale também como um pequeno registro histórico de uma fase tumultuada, que inclui as grandes greves no ABC; os embates entre os militares que queriam "abrir" o regime e os radicais que queriam prolongá-lo e aumentar a repressão; a censura a Imprensa; a luta pela Anistia e as greves de fome de centenas de presos políticos; etc. Tentei mostrar o panorama geral enquanto traçava a conduta do Audálio como deputado do MDB/PMDB, atuando firmemente em tantas áreas diferentes, no Congresso e nas ruas.
Não consigo imaginar o universo de leitores que terei, mas acho que fiz minha parte ao reunir informações interessantes e que estão num texto leve e acessível.
Este novo livro "Audálio, deputado", vai interessar a todos que praticam ou apreciam o Jornalismo e, ao mesmo tempo, aos que procuram saber mais sobre a outra ditadura, aquela de 1964-85. Vale também como um pequeno registro histórico de uma fase tumultuada, que inclui as grandes greves no ABC; os embates entre os militares que queriam "abrir" o regime e os radicais que queriam prolongá-lo e aumentar a repressão; a censura a Imprensa; a luta pela Anistia e as greves de fome de centenas de presos políticos; etc. Tentei mostrar o panorama geral enquanto traçava a conduta do Audálio como deputado do MDB/PMDB, atuando firmemente em tantas áreas diferentes, no Congresso e nas ruas.
Não consigo imaginar o universo de leitores que terei, mas acho que fiz minha parte ao reunir informações interessantes e que estão num texto leve e acessível.
Como
você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
Conheço
há décadas o trabalho de João Scortecci, um dos principais editores
brasileiros, sempre lançando escritores que, de outra forma, não chegariam aos
leitores. Ha vários anos, fiz um curso na editora, de um dia, e pude conhecê-lo
pessoalmente a sua competente equipe. Estou muito feliz de ter escolhido esta
Editora, que tratou-me com respeito e total disponibilidade, fazendo todo o
processo de acompanhamento da edição muito menos angustiante do que poderia ter
sido. Agora entramos na fase da distribuição e vendas, espero que a parceria
nos traga sucesso, a ambas as partes.
O seu
livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
O
tema do livro é interessante, por versar sobre um dos mais importantes homens
públicos brasileiros do século XX. Audálio Dantas destacou-se em todas as
atividades que exerceu, como repórter premiado, escritor respeitado, político e
administrador público capaz. Importante lembrar que ele tornou-se um exemplo de
Ética e de honestidade, cuja conduta jamais foi sequer questionada nos vários
cargos executivos que ocupou, como a presidência da Imesp - Imprensa Oficial do
Estado de São Paulo, que ele transformou na maior gráfica pública da América
Latina, altamente lucrativa.
Conhecer alguns bastidores do Congresso e daquela fase de transição da outra ditadura para a democracia também é interessante, tanto para quem viveu aqueles tempos como para os jovens. Afinal, logo entraremos em outra fase de reconstrução da Democracia, depois dos abalos que ela sofreu desde 2016.
Conhecer alguns bastidores do Congresso e daquela fase de transição da outra ditadura para a democracia também é interessante, tanto para quem viveu aqueles tempos como para os jovens. Afinal, logo entraremos em outra fase de reconstrução da Democracia, depois dos abalos que ela sofreu desde 2016.
Obrigado pela sua participação.
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