Nascido na Bielorrússia em 1971 e radicado no Brasil desde 2005, é poeta, ensaísta e tradutor multilíngue, sócio da União Brasileira de Escritores (UBE/São Paulo). Autor dos livros de poesia Memórias dum hiperbóreo (2008; Prêmio Internacional Il Convivio de 2013), Quarta-feira de Cinzas e outros poemas (2011; Prêmio Literário Bunkyo de 2012), Antologia cosmopolita (2013) e de numerosas traduções do russo (Diário do subsolo, O jogador, Crime e castigo, Memórias da Casa dos mortos e Humilhados e ofendidos de Fiódor Dostoiévski; Pequenas tragédias de Alexandr Púchkin; Canções alexandrinas de Mikhail Kuzmin; Contos russos, vv. I-III) e do francês (O esplim de Paris: pequenos poemas em prosa de Charles Baudelaire; Os cantos de Bilítis de Pierre Louÿs).
É uma espécie de diário lírico em que o autor relata, de forma simples e convincente, as impressões reais e, ao mesmo tempo, oníricas que lhe suscita a cidade de São Paulo, sua vida cotidiana, sua beleza e seus contrastes: uma estranha declaração de amor a Pauliceia que o marcou, para todo o sempre, com sua aparente frieza e seu calor subjacente...
Olá Oleg. É um
prazer contar com a sua participação no Blog Divulgando Livros e Autores da
Scortecci do Portal do Escritor.
Do
que trata o seu Livro? Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que
se destina sua obra?
Este livro,
intitulado Desenhos a lápis, é uma
espécie de diário lírico. Trata-se nele de minhas passagens pela cidade de São
Paulo, ou melhor, daquelas impressões, diversas e fortes, que tive ao visitá-la.
Escrito no outono de 2014, demorou bastante em vir a lume. Apenas em fevereiro
de 2018 é que foi lançado pela Scortecci. Agora que está à venda, espero que
seu público leitor não se restrinja aos paulistanos, mas venha a incluir, de
modo geral, as pessoas que apreciam uma visão poética de temas urbanos.
Fale de você e de seus projetos no
mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de
plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Na verdade, é meu
quarto livro de poesia: os três primeiros (Memórias
dum hiperbóreo, Quarta-feira de
Cinzas e outros poemas, Antologia
cosmopolita) foram publicados pela editora carioca 7Letras. Quanto ao meu
histórico pessoal, bem... tentarei relatá-lo em duas palavras. Nasci muito
longe daqui, na Bielorrússia que fazia parte da União Soviética e depois se
tornou um país independente; estudei as letras francesas, trabalhei, por uma
década, em várias empresas privadas; acabei deixando a terra natal. Vim ao
Brasil em julho de 2005. Desde então, tenho seguido uma dupla carreira
literária. Chamo-a de dupla porque me dedico, paralelamente, à poesia e à
tradução do russo e do francês, sendo esta meu ganha-pão e aquela, uma
tentativa de exprimir minhas ideias e emoções. As obras por mim traduzidas (Crime e castigo, Memórias da Casa dos mortos, Humilhados
e ofendidos, de Fiódor Dostoiévski, A
morte de Ivan Ilitch e outras histórias, de Lev Tolstói, O esplim de Paris: pequenos poemas em prosa,
de Charles Baudelaire, entre outras) ocupam um lugar cada vez mais visível no
mercado livreiro do Brasil.
O que você acha da vida de escritor em
um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Com base em minhas
experiências próprias, poderia afirmar que a vida de um escritor profissional,
aqui no Brasil, não é nada fácil. Eu não consigo viver de meu trabalho
literário (aliás, nem sonho com isso) e acredito que a maioria dos meus colegas
diria o mesmo. Em nosso meio, a quantidade de leitores ativos está, por enquanto,
menor do que lá fora, na Europa e nos Estados Unidos, e não me parece que as
políticas públicas atinjam plenamente seu objetivo nessa área. Só quando o
interesse pela literatura e o respeito por quem a produz forem generalizados é
que a condição financeira dos escritores vai melhorar... O que nos cabe fazer
para que isso ocorra algum dia? Produzir uma boa literatura e não poupar
esforços para promovê-la. Coisas de Dom Quixote, não é? Entretanto, é a única
ferramenta que temos nas mãos.
Como
você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
Foi o exemplo de
meus amigos, Rejane Machado e Valdeck Almeida de Jesus, Mirian de Carvalho e
Ronaldo Cagiano, cujos livros haviam sido editados pela Scortecci, que me
incitou a tomar contato com ela. Não ficaria exagerando, hoje em dia, se a
recomendasse aos outros autores: a qualidade dos serviços que presta é alta, o
teor dos contratos que oferece é justo...
O seu
livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
Creio que meu livro
merece ser lido por duas razões principais. Antes de tudo, é claro, simples e
transparente, concebido sem aqueles floreios desnecessários que tendem a
afugentar o leitor em vez de atraí-lo. Ademais, seu conteúdo é interessante em
si, pois chama a atenção para nosso cotidiano, para os altibaixos que
vivenciamos sem pensar neles e os problemas que despercebemos por serem
rotineiros. São Paulo é, de certa forma, uma quintessência da realidade
brasileira, um resumo de tudo o que o Brasil tem de bom e de ruim, de chocante
e de cativante, de inspirador e de desesperador. Falar de São Paulo é falar do
Brasil inteiro!
Obrigado pela sua participação.
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