José Carlos Cordeiro nasceu em 1955 na cidade de Itabuna, Bahia. Filho de gente muito humilde socialmente, pai pedreiro e mãe lavadeira de pedra de rio, como o costume do lugar nos anos 50. A família migrou para São Paulo em plena ditadura, anos 1964/65, e ele lembra bem disto, pois ainda menino era retirado do “pau de arara”(caminhão típico nordestino que transportava os migrantes para a capital) quando os militares barravam a estrada para vistoriar o veículo. Formado em Letras – Português e Inglês, pela Uninove, também é pós-graduado em Psicopedagogia, pela Gama Filho. Aposentado, sempre trabalhou em projetos socioeducativos. Tomou gosto pela música por influencia da mãe, que trabalhava na beira do rio e vivia a cantar enquanto ele nadava e brincava ao seu lado. Já em São Paulo, fez parceria musical que resultou na gravação de um long-play nos anos 80 em dupla com Lé Dantas, com quem tem algumas composições musicais. Durante alguns anos, logo que chegou a São Paulo, trabalhou como contínuo numa repartição pública e nas horas vagas se apossava de uma maquina elétrica, à época, e escrevia. A poesia lhe chegou através de um professor da escola que encerrava suas aulas lendo poesias dos modernistas no tempo do ginásio noturno. Conta que descobriu novos horizontes com estas leituras e os comentários deste professor, do qual não lembra mais o nome. Entre outras habilidades, além do canto, dirige grupos amadores e escreve para teatro e tem textos de peças teatrais na gaveta. Entre suas publicações tem o livro de poesias Pulsares, de 1993, pela Editora Salesianos, que também publicou o infantil O Gatinho Mi, ambos com tiragem pequena e esgotada e com a colaboração incontável dos amigos Glen Martins e Elsio Ferrari, seus parceiros e incentivadores de sempre.
Reúne poemas de um poeta que textualmente se diz não poeta. E essa contradição é parte da sua busca pelo inusitado, pelo controverso que possa gerar situações, paisagens diversas. Nada lhe escapa de certo e um simples som no silencio podem sim render na sua imaginação, tantas quantas palavras forem necessárias pro devaneio solto e descompromissado. Brincar a sério com as palavras com a responsabilidade de ser mentiroso, apaixonado, fotógrafo do real e que entrega ao leitor o melhor de sua criação. Como ele diz as vezes no decorrer do livro: poemas da paixão solta no papel. Dedicado a uma geração de amigos, com quem por décadas conviveu, numa Vila da Cidade de São Paulo e com quem aprendeu e praticou os artifícios da arte. Hora na música, hora no teatro, hora no vídeo; alguns visíveis na internet. Chega mais junto deste Baú, que tem de antigo seu nome, mas com uma chave atemporal, se possa abrir e sem censura, percorrer corpos e devaneios na aurora quem sabe, da palavra de seu autor, de seu também despretensioso fingidor. J. Cordeirovich lança neste momento parte de sua Obra, e tem na mesma proporção deste volume, outro material que aguarda edição e como mesmo diz: um segundo projeto procurando papéis e tintas para se tornar real no forno da máquina da gráfica. Quem sabe? Seja sim.?
Olá José Carlos. É um prazer contar com a sua
participação no Blog Divulgando Livros e Autores da Scortecci do Portal do
Escritor.
Do que trata o seu
Livro? Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua
obra?
Baú de Qualquer Coisa trata de diversos momentos da vida:
sentimentos, visões e reflexões, tendo a palavra como "brinquedo" pra
me expressar fazendo uso às vezes de rima. O livro vem sendo escrito ao longo
de mais de 40 anos, registrado em diversas circunstancias, tanto que é uma
pequena parte de um material bem mais amplo que pretendo publicar mais a
frente. O público alvo é o leitor que gosta de poesia, público acima dos 12
anos de idade de preferencia tendo em vista seu conteúdo um tanto erótico.
Fale de você e de seus
projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho
realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Escrevi sempre, desde a adolescência. Quando descobri no
grupo escolar aqueles grandes autores brasileiros que sempre estão nas
estantes. Tenho gosto pela música não por estudo, mas por diletantismo. Minha
área é o canto. Um cantador até afinado. Com o hábito de cantar outras músicas
fui criando as minhas próprias, e procuro buscar a sonoridade das palavras para
compor os poemas do livro. Já publiquei no passado um pequeno livreto em outra
editora. Não tenho grandes sonhos, só não queria deixar esse material
abandonado numa gaveta ou pc. Também sempre busquei um exercício de
escrever de forma inusitada, onde a ideia e a palavra superassem expectativas
ou surpreendessem o leitor. Escrevo sempre como digo, por vício. Trabalho
escrevendo o dia inteiro e daí pras criações é um pulo só.
O que você acha da
vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco
valorizada?
A verdade é que há algo em mim a ser dito que é mais forte
que minha mera vontade por isso a continuidade desse digamos exercício. Sem
ilusórias pretensões de escrever, publicar e vender livros, mas a necessidade
tamanha de passar a frente o que me povoa a cabeça com a estética que vem da
bagagem cultural que herdei nestas décadas da vida. Não penso em mercado, penso
só em publicar para não se perder na poeira do tempo aquilo que sinto, penso e
ponho no papel.
Como você ficou
sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
Já ouvia falar dela de alguma maneira por conta do seu
público alvo. Tiragens pequenas. Creio que foi mesmo via internet. Querendo
publicar eu pesquisei e descobri o trabalho, alias bastante competente que essa
Editora realiza. E não me decepcionei. Fui muito bem assessorado pelos
profissionais que me recebem sempre com simpatia. E você ver um "filho"
seu, se materializar num trabalho bem feito pela editora faz muito bem ao ego.
É uma realização.
O seu livro merece ser lido? Por
quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
Quem escreve quer ser lido esse é o foco. Escrevo para
alguém ler. Quanto por que deve ser lido só posso dizer que "amo" meu
texto, creio que todo artista é egocêntrico e eu sou e estou na lista dos
artistas, pois canto e "declamo" meus textos em shows por ai e acho-o
texto do Baú, novidadeiro, abusado, diferente e pretensioso esteticamente.
Considero o Planeta carente de amor e meus textos revelam um amor igual aos
outros, mas com uma entrega muito densa e profunda. Minha mensagem é: Leiam o
Baú e ouçam o J. Cordeiro cantar no Projeto Baú de Qualquer Coisa ao Pé do
Ouvido, você não vai se arrepender.
Obrigado pela sua participação.
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