Nasceu em Natal, Estado do Rio Grande do Norte, no ano de 1985. Recebeu o diagnóstico de síndrome de Asperger aos 20 anos de idade. Apesar disso conseguiu percorrer toda trajetória acadêmica de acordo com seu ritmo e possibilidades. O interesse por mitologia surgiu por conta dos desenhos dos Cavaleiros do Zodíaco e He Man, dentre outros. Seus interesses específicos o estimularam à leitura. Cursou História NA Universidade. Tem gosto musical eclético mas prefere música clássica e cinema. Dedica seu tempo a ler e escrever em três blogs, do qual ele se utiliza para sua atividade intelectual.
Todos passamos por situações de descompasso, adaptação, aprendizado, sofrimento, depressão, incompreensão, êxito, superação, afeição, interesse por coisas específicas etc. O que muda no caso desta história é que esses sentimentos e situações foram vivenciados por uma pessoa com transtorno do espectro autista, o qual envolve particularidades marcantes quanto ao convívio social e resulta em consequências profundamente delicadas no processo cognitivo humano. Em Os labirintos percorridos por um aluno Asperger: do ensino infantil ao superior, Breno conta sua história. Como bem diz Walter Camargos Jr no prefácio, “a leitura da obra pode ser feita de várias formas, como um romance, como uma autobiografia simples ou como uma de caráter técnico”, já que vai interessar aqueles que estudam ou convivem com transtornos do espectro do autismo. No entanto e por isso mesmo, a história de Breno é, antes de mais nada, uma história de superação, que acompanhamos com crescente emoção e envolvimento, ao longo dos quatro capítulos da obra: “Dizem que sou antissocial...”, “Entre mitos e verdades”, “Correndo no labirinto”, e ”Finalmente a luz”.
Olá Bruno. É um
prazer contar com a sua participação no Blog Divulgando Livros e Autores da
Scortecci do Portal do Escritor.
Do
que trata o seu Livro? Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que
se destina sua obra?
É um relato da minha vivência de estudante com a Síndrome
de Asperger (autismo leve). Durante minha jornada acadêmica, do ensino infantil
ao fundamental estudei em sete diferentes escolas até conseguir uma escola que
trabalhava com a proposta das múltiplas indigências. Foi a escola em que cursei
todo ensino fundamental e médio por ter compreendido minhas necessidades
educacionais especiais, valorizado e incentivado minhas habilidades em
detrimento das minhas dificuldades. Só assim consegui chegar ao nível superior
e cursar História. Inicialmente a ideia era apenas registrar os acontecimentos
do dia a dia em um diário. Minha mãe acreditava que isso poderia me ajudar a
compreender as perturbações que eu sofria por conta dos acontecimentos
indesejáveis em relação a alguns colegas e mesmo professores, mas apenas após
participar de alguns eventos palestrando sobre minha experiência, e as pessoas
incentivarem, decidi publicar em livro, com a intenção de que possa ser útil
aos educadores – pais e professores – conhecerem como foi o percurso escolar de
um aluno Asperger em uma época que a inclusão era pouco ou quase nada
compreendida e discutida.
Fale de você e de seus projetos no
mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de
plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Minhas habilidades matemáticas são bastante prejudicadas,
no entanto adoro música, cinema, quadrinhos e mitos. Talvez o fascínio pelos
mitos tenha contribuído para minha escolha por cursar História, influenciado
pelos Cavaleiros, He-Man, e outros. Também gosto muito de escrever, e quem sabe
esse primeiro livro seja o passo inicial para publicar outros. Alguns textos eu
já tenho escrito em rascunho para quem sabe futuramente me enveredar por outros
gêneros.
O que você acha da vida de escritor
em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Realmente esta é uma triste realidade que nosso pais vem
enfrentando, talvez como uma herança dos tempos da colonização, o que torna a
vida de um intelectual bastante penosa.
Mas ainda assim acredito que gradualmente poderemos ter um Brasil melhor
sabendo como valorizar a cultura começando pelo incentivo a leitura nas
crianças.
Como
você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
Um amigo de minha mãe publicou pela Scortecci e a indicou.
Minha mãe solicitou orçamentos em três editoras diferentes e optou pela
Scortecci.
O
seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus
leitores?
Merece com certeza, porque escrevi com a intenção de servir
de utilidade informativa sobre as pessoas com a Síndrome de Asperger. Acredito que minha história pode servir de
inspiração para pais e profissionais da educação acreditar no potencial de suas
crianças. O processo educacional – do ensino infantil ao superior - para alunos
com Asperger (Transtornos do Espectro do Autismo) não é fácil. O ensino
infantil, particularmente para essas crianças, desempenha papel fundamental no
que concerne a estimulação da linguagem e interação social, áreas mais
prejudicadas para esse público. Os processos educacionais para crianças
autistas que mais têm obtido êxito são diferenciados dos demais por serem
elaborados atendendo as necessidades específicas às características do TEA, que
permitem desenvolver as potencialidades dos indivíduos autistas de maneira
intensiva, mas ainda são desconhecidos pela grande maioria dos especialistas
brasileiros. O processo de ensino e aprendizagem representa enorme desafio,
tanto para esses alunos como a escola, em virtude das características
comportamentais se acentuarem e poderem se agravar com o avanço da idade, no
caso dos autistas com maior gravidade, impedindo-o de continuar o convívio na
comunidade escolar, motivo que dificulta o acesso aos níveis de ensino
profissional e superior, sendo raros os casos de sucesso.
Obrigado
pela sua participação.
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