Natural de Três Corações-MG, Sargento aposentado do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, escritor, fotógrafo, músico multi-instrumentista e artesão.
Se faz múltiplo: bombeiro, paraquedista, cantor, escritor, ator, músico, pintor, fotógrafo, sem contar o talento que tem para fabricar brinquedos e móveis com caixotes de feira. Em brincadeira, costumo chamá-lo de “poliplural”. Sua obra, portanto, não poderia ser diferente. À Flor do Cerrado migra, com perfeito domínio entre técnica e lirismo, de momentos de introspecção aos da alegria arrebatadora de personagens colhidas pelo autor em uma das tantas peregrinações que faz pelo Brasil. Há um projeto temporal em que o passado se mostra aos olhos do poeta apenas para se fazer paradoxo – beleza e agrura, simplicidade e complexidade – e tão logo se transforma em esperança, como quem espera Godot, infinitamente: “Chuva / Vem logo. / Estou num filme / preto e branco”. Ao ver a vida acontecer tão de perto, cria a verdade na literatura. Histórias e pessoas reais confundem-se com as imaginárias neste território árido... E é impossível ficar alheio à flor que brota na adversidade. Meu preferido? Espelho: “O dia / em que me encontrei / com / São Francisquinho / tomei / foi tapa / na cara. / Nunca vi /o Santo tão brabo”. E gasto um bom tempo aqui com meus botões matutando: o que o poeta fez para desagradar o Santo?
Adriana Aneli
Relato das vivências do autor com o povo do Cerrado do norte de Minas Gerais, região de Grão Mogol , onde percebeu o quão grande era a sua omissão perante a sociedade dos excluídos.
Olá Carlos. É um
prazer contar com a sua participação no Blog Divulgando Livros e Autores da
Scortecci do Portal do Escritor.
Do
que trata o seu Livro? Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que
se destina sua obra?
Minha obra é o relato de minhas vivências com o povo do
cerrado no norte de Minas Gerais, sua cultura, suas mazelas e alegrias. A ideia
não surgiu de repente, ela foi acontecendo desde que aposentei em setembro de
2014 e saí andarilhando pelo Brasil de motocicleta. Fiquei tão impressionado
com a região de Grão Mogol que parei por aqui com o propósito de ficar
"por um tempo" e hoje sou morador. Minha obra se destina ao povo que
não tem acesso à cultura, ao povo que não tem o hábito de ler, é escrito numa
linguagem simples, sem refinos literários e/ou preocupações estéticas. Uso
muito linguajar regional, gírias locais e neologismos. Costumo brincar que sou
um "Jagunço Literário".
Fale de você e de seus projetos no
mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de
plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Sempre escrevi muito. Sou filho de professora. Na arte da escrita tenho muitas composições
musicais, compus e gravei (letra e música) o Hino de mais de 60 Motoclubes pelo
Brasil. Em 2002 escrevi e registrei o livro "A Santíssima Trindade segundo
Raul Seixas", mas nunca procurei editora. Faço muito cordel, que eu mesmo
imprimo em casa, monto os livrinhos e vendo nas minhas andanças, em bares,
praças, feiras-livres. Já tenho material na mesma linha deste livro para o À
Flor do Cerrado II (nome provisório). Tudo isso para mim é uma brincadeira. Não
vivo da literatura, mas hoje vivo NA literatura.
O que você acha da vida de escritor
em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Que venham as críticas: A MAIOR PARTE DA CULPA É DOS
PRÓPRIOS ESCRITORES QUE SE FECHAM EM SEUS MUNDINHOS COM QUEM LHE FOR
CONVENIENTE. Se trancam em saraus convidando quem lhe for do agrado, vivem de
"aplauso garantido" nessas rodinhas, não se expõem, não dão "a
cara a tapa" na rua, e escrevem em linguagem a maioria das vezes hermética
demais. O Brasil lê sim! Lê o que lhe chega às mãos e por um preço módico!
Vendo cordéis "de baciada" nas ruas, feiras livres, e agora meu livro
também. Só vejo escritores reclamando que não vendem livros, que o Brasil não
lê, mas ficam trancados em seus mundinhos e só reclamam, NÃO AGEM. A síndrome
de coitadinho impera. VAI PRA RUA VENDER
LIVRO NO SINAL! Se todos fizessem isso, o Brasil leria muito mais. O Povo não
tem acesso, e os preços das publicações e os impostos também contribuem e
muito. E as escolas não têm professores preparados, trabalham mecanicamente por
um salário pequeno, não têm estímulo nenhum. Poucos autores levam seus livros
para as ruas, nas favelas, na zona boêmia, nas construções, nas escolas, nos
sinais, zona rural, escolas públicas, enfim, aonde a cultura não chega.
Como
você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
Procurei na INTERNET quando pensei em publicar o À Flor do
Cerrado e foi a Editora que mais me passou segurança.
O
seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus
leitores?
Sim, meu livro merece ser lido. Pode servir como um alerta
para as mazelas sociais que acontecem na nossa calçada e que a mídia não
divulga tanto como as que ocorrem em outras partes do planeta.
Obrigado
pela sua participação.
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