FINALISTA DO PRÊMIO JABUTI 2014
– Vamos almoçar? – convidou Pimenta Neves.
– Aqui perto tem um ótimo francês, o Roi Roger...
Estávamos a cinco quarteirões um do outro, a Casa Branca no meio. Cheguei antes ao endereço, mas não via nenhum bistrô, até que, diante da placa Roy Rogers, caiu a ficha. Esse era o Pimenta! E já com background equestre, como constato, surpreso, 15 anos depois. A começar por Trigger, “O Cavalo Mais Inteligente do Cinema”, montado pelo “Rei dos Cowboys”.
A mãe de todos fast-food Roy Rogers dos EUA tinha sua base em Virgínia, onde Pimenta morava e construíra uma estrebaria. Fascinado por cavalos, quis fazer de sua namorada no Brasil, Sandra Gomide, uma amazona. Ela até comprou um manga-larga, Oceano. O problema é que ele também a queria sob cabresto. Seu
trigger (gatilho) foi o de um Taurus calibre 38. Apertou-o uma, duas vezes, no Haras Setti, em Ibiúna (SP). Os amigos de Washington o chamavam de “O Abominável Pimenta das Neves”, só de brincadeirinha. Mas ele o confirmou, abominavelmente. Foi em 20 de agosto de 2000. Jornalista assassina a namorada, também jornalista, e ninguém da imprensa ousava escrever uma reportagem aprofundada, investigativa, esclarecedora. Não mais, com este ótimo livro de Luiz Octavio de Lima. Li-o como leitor e editor, mais de uma vez. Está completo. É honesto. Checado e rechecado. Relata, sem ficção. Por 43 vezes o personagem principal, Pimenta Neves, foi convidado a falar. Não quis. Para mim, caiu do cavalo.
Moisés Rabinovici
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